Talvez você já tenha ouvido falar sobre depósito de dados de pesquisa e auto-arquivamento, duas tendências relativamente novas (por aqui). Mas o que são e para que servem? E o mais importante: sua revista científica precisa disso?

Sua revista científica precisa saber sobre depósito de dados de pesquisa e auto-arquivamento?

SIM! Seu corpo editorial precisa entender o que são o depósito de dados e o auto-arquivamento, e sua revista precisa começar a implementar Políticas Editorias específicas, de forma gradual e progressiva, o quanto antes.

#papoRetoEC Por que devo entender sobre depósito de dados e auto-arquivamento? Essas duas tendências, embora novas por aqui, já são discutidas e recomendadas a alguns anos por pesquisadores, agências de fomento e entidades da comunidade científica internacional, e foi formalizada através das Transparency and Openness Promotion (TOP) guidelines. Ela chega de forma mais contundente por aqui graças a sua inclusão nas recomendações da SciELO e de eventos promovidos pela ABEC – Associação Brasileira de Editores Científicos, ao mesmo tempo que universidades e agências de fomento começam a recomendar ou exigir essas práticas, como exemplo da FAPESP.

Depósito de dados de pesquisa

#papoRetoEC O depósito de dados de pesquisa consiste em cadastrar toda a informação gerada na sua pesquisa, em bancos de dados. A finalidade é que outros pesquisadores possam utilizar seus dados para outras pesquisas sem ter que “reinventar a roda”, partindo dos dados podem reproduzir seus experimentos sob outra ótica, testar, validar ou invalidar novas (ou antigas) teses e avançar o conhecimento mais rapidamente.

Mas TODA a informação mesmo? Sim*, estamos falando de tudo mesmo, desde cadernos de laboratório ou de campo, planilhas, bancos de dados, imagens e áudios, fotos, entrevistas, códigos, algoritmos etc. Leia mais em Dados de Pesquisa agora devem ser armazenados e citados publicado por Elisabeth Dudziak do SIBiUSP.

* este asterisco é para dizer que nem toda a informação deve ser disponibilizada. Seja na saúde, nas artes, na antropologia ou em outras áreas, dados sensíveis que podem identificar devem ser preparados com cuidado. Também é possível que determinados dados estejam protegidos por alguma lei ou contrato.

Como o assunto é complexo (vide asterisco acima), e justamente por esse motivo, é importante entender, estudar e discutir esse assunto junto às comunidade ligadas a suas áreas de pesquisa.

Auto-arquivamento de artigos

#papoRetoEC O auto-arquivamento de artigos consiste na simples* ação de cadastrar seu artigo aceito para publicação e cadastra-lo no repositório da sua instituição, em repositórios temáticos públicos ou privados, em redes sociais acadêmicas, ou até mesmo no seu blog pessoal.

Mas o auto-arquivamento é simples mesmo? Sim (e não). Depende. Antes de cadastrar seu artigo em qualquer lugar você precisa saber: a revista que publicou originalmente permite que você faça auto-arquivamento? Para resumir, pois tenho que terminar logo este post, você deve buscar nas políticas editoriais da revista onde publicou as repostas para as seguintes perguntas:

  • Posso fazer o auto-arquivamento do meu trabalho aceito?
  • Se puder:
    • Qual versão do trabalho posso cadastrar? Atenção: aqui você poderá encontrar os termos “pre-print”, “post-print” e “publisher version”. Exceto pelo último termo, que é a versão final diagramada e publicada pela revista, os dois primeiros, infelizmente podem assumir diferentes significados: versão submetida (antes do peer-review), a versão com todas as melhorias e efetivamente aceita, ou uma outra versão? Para entender melhor leia a explicação do Sherpa/Romeu (inglês), do Diadorim (português), que são dois repositórios para deposito de políticas editoriais, e consulte cuidadosamente as políticas editoriais da revista ou publisher.
    • Quando posso fazer o cadastro? Para publishers internacionais é comum haver um período de embargo, então fique atento.
    • Ao cadastrar deve incluir algum texto ou citação específica? Novamente, para publishers e revistas internacionais é comum exigirem que um texto específico, com uma citação completa seja adicionado à versão cadastrada.

O que achou? Falei alguma besteira ou você não concorda com essas recomendações e práticas? Pode comentar!


Esta postagem foi inspirada pela matéria de Fabrício Marques, publicada por na edição Edição 282 de agosto de 2019 da Revista Pesquisa FAPESP, disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/2019/08/07/producao-mais-visivel/.